13 de maio de 2010

Desculpa

Me desculpa se pareço torto
ou de modo estranho ajo assim incerto
ou quando perto sempre me acanho
escondo o rosto ou olho pro teto

Me desculpa se desvio o olho
e sorrio contido quando me destraio
ou sempre que ensaio, sempre que escolho
as palavras somem, se perdem, me traem

Me desculpa se de repente me calo
desapareço, me encolho ou talvez
não há sentido naquilo que falo
quem consegue só amar uma vez?

Me desculpa quando não sou claro
ou por palavras tortas tento ser sincero
invento maneiras e não me desmascaro
evito a chance de te dizer "te quero"

Me desculpa se o medo transforma em balbucio
o segredo que levo e te diz respeito
e se dentro do peito sufoco esse grito
que tenho vontade mas não tenho direito

Me desculpa se não jogo tudo pro alto
e te convido numa nova aventura
é que, a essa altura, tomada de assalto
a vida uma hora cobra a fatura

E se o peito se quebra na única chance
não sei se aguento tamanho desgaste
romance privado de todo disfarce
diamante alterado não cabe no engaste

E por mais que me goste, perdoa
coração que trato tão mal
E por mais que me doa essa dúvida
me desculpa a tragédia moral
E releva quando me perceber,
olhar brilhante, chegando ao teu lado
sem assunto, palhaço, sonhando acordado
quieto, calado, só pra te ver.

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