7 de junho de 2011

Poesia 14

Se matar é não morrer
e manter-se sob o malho
a alma incandescente
cospe faíscas no assoalho

Ao fazer de mim espada
na moldagem dura e seca
a vida que assopra o fogo
me obriga a amolecer

Deus é um ferreiro
dando fio a armas de guerra
cada anjo nos leva na aljava
e prende o Diabo debaixo da terra.

1 de junho de 2011

Poesia 13

Fecha o olho e vê
o que brilha nesse espaço
uma sombra e silhueta
refletores no palhaço

Cortina sobe, bordada e vermelha
um tropeço no picadero
a lágrima tatuada no rosto
cai contínua o ano inteiro

Travessuras e bobagens
fazem rir toda platéia
fecha o olho e vê
que o lobo em si é alcatéia

Abre o olho de vez
e apaga-se toda luz
uma penumbra fosca
fumaça e pólvora, prego e cruz

Nada mais há de se ver
quando a queda o corpo finaliza
estendido sob o coreto
o rosto pintado seca à brisa