24 de julho de 2005

Poesia 3

Cria neutra, sem pai, sem mãe
Vaga nos caminhos do tempo
Entra nas vielas do vento
e traz mais um para o clã

Ouça suas palavras com desdém
Aproxime-se de mansinho
Toma-lhe a vida por bem
como a trocar um carinho

Crava-lhe, cria, ao crepúsculo
E faz o vermelho sorrir
Contrai em vão os seus músculos
com a ilusão de cair

Deixa-o então ao léu
Limpa-te no feltro
O encarregado agora é o céu
de criar mais um neutro

Poesia 2

Rompe a madrugada a incerteza
Nua em seu cavalo branco e
de coxas firmes
Ela passeia ilesa por entre os meandros do meu pensamento
Me inspira, musa libra, me faz
pensar e fazer minhas escolhas
Faz-me parar de vagar à procura da aurora
como outrora já o fizeste
Cala minhas mãos como já o fez
Venda meus olhos e dedos solitários
Venda meu prazer a preços módicos como estrume no interior
Prostitua minha mente com a sua luz

Poesia 1

É noite e o sangue corre
Dentro desta veia pulsante de emoção
Louco por jorrar, azul
na imensidão de pontos brancos
Neste universo invertido onde
o que brilha é o escuro
Tudo que é não-branco
Passo e apenas ligo os pontos importantes
Apenas destaco as linhas que devem sobressair
Cada folha pede para dizer alguma coisa
Apenas contorno
Nada mais é meu! É tudo papel!
A ansiedade de expandir-se me obriga a fazê-lo
"Risca-me de olhos fechados" - diz o bloco