19 de outubro de 2012

Mesmos

Mesmo se o céu, mesmo se o mar
Mesmo se um dia tudo mudar
Mesmo se a noite nunca acabar
Mesmo se o sol parar de brilhar
Mesmo se a distância nos separar
E o olho secar e o peito apertar
Mesmo que a vida me force a lutar
Mesmo se a lua não iluminar
E pelas ruas eu continuar
E sentado na esquina eu tiver que esperar
E durante as festas eu me maltratar
Mesmo se palavras eu não encontrar
E mesmo se a música parar de tocar
Mesmo se a lembrança se embaralhar
Mesmo se o mundo parar de girar
Mesmo que as ondas tentem me afogar
Mesmo se a mistura nunca funcionar
Se a cadeira quebrar e a corda arrebentar
Mesmo que não tenha quem me consolar
Ou um copo gelado a me confortar
Mesmo sem colo onde repousar
Mesmo se tudo me condenar
Mesmo se a chuva parar de molhar
Ou se em fogo eu me incinerar
Mesmo se um dia eu esquecer seu olhar
Mesmo se nunca mais voltar
Jogado num canto escuro do bar
Ou ajoelhado na nave a orar
Mesmo que já não sobre lugar
Mesmo que eu tenha que me apertar
Mesmo se a brisa parar de soprar
E o sétimo inferno vier me buscar
Se o paraíso me rechassar
Se meu mais caro amigo me abandonar
Mesmo se um dia eu sofrer sem chorar
Ou mesmo viver sem ninguém magoar
Mesmo se tudo ficar como está
Mesmo se o afeto não impressionar
Se no fundo já esteja farto de esperar
Não se engane, querida, não vou descansar
Enquanto em meus braços não te embalar
E de olhos fechados me ouvir sussurrar
O quanto de amor eu lhe tenho para dar.