1 de abril de 2011

Manias

Eu não agüento quando escuto alguém dizer que todo mundo tem mania. Só porque o sujeito tem problemas quer colocar todo mundo no mesmo saco. Comigo não. Eu não tenho mania.

Eu tenho sim é pouca paciência para certas coisas. Certas coisas me irritam. Manias dos outros, por exemplo, me irritam.

Deixar a tampa da pasta de dente aberta me irrita. Me diz porque o sujeito fecha a torneira, mas não fecha a tampa da pasta de dente? Fecha a tampa do vaso, mas não fecha a tampa da pasta de dente. Fecha até a escova toda naquela caixinha de plástico, compridinha, sabe qual é? Para proteger dos germes. E não fecha a tampa da pasta de dente.

Não estou dizendo que eu fico irritado porque os germes vão entrar na pasta e infectar a tudo, não é isso, nem sou tão afrescalhado assim. Até porque isso, sim, seria mania: mania de limpeza, mania de achar que vai ficar doente, o que por si só, já é uma doença.Hipocondria.

Simplesmente me irrita chegar no banheiro e ver o tubo da pasta ali usado...largado...explorado e deixado de lado como uma casca de banana. E a tampinha, coitada, ouço até ela gritando “mamãe, mamãe, socorro!” desesperada.

Numa boa, não fico pensando que a pasta vai ressecar, empedrar...até porque, se empedrar, aperta mais forte um pouquinho e ela sai melhor. Ou então aperta no meio do tubo logo. Sabia que tem gente que não agüenta ver o tubo apertado no meio. Vai correndo atrás de um pente pra passar o cabo e empurrar a pasta toda pra frente. Pelo amor de Deus. Se forem contar comigo pra achar esse pente, estão ferrados!

Eu não estou nem aí para isso. Aperto onde pegar primeiro. Agora, imagina você pegando a pasta que passou, sei lá, três dias aberta. Você faz a força normal e nada. Aperta um pouco mais forte e ploft!, a pasta desentope de repente e suja tudo...lambuza a pia, tua camisa passada que você vestiu para trabalhar, a maior cagada. O que dá vontade de fazer é pegar a pasta e escrever no espelho do banheiro: NÃO ESQUEÇA DE FECHAR A PASTA DE DENTE SENÃO SUJA O BANHEIRO TODOOOOO!!!

Banheiro é o único cômodo da casa onde a pessoa pode ser ela mesma, sem pudor. O espelho não julga se você tá gordo demais, careca demais, feio demais, com aquela cara amarrotada que você acorda...o banheiro sempre te recebe de braços abertos.

A merda é que, se você mora com mais alguém, tem sempre um rastro de outra pessoa naquele seu santuário. Tem sempre uma memória de que alguém passou por ali enquanto você está querendo se expandir todo.

E isso é fato, as pessoas tem conceitos diferentes do que é e o que não é importante. Papel higiênico, por exemplo, tem gente que não pensa na próxima vez que vai precisar dele. Vai lá na hora do aperto, tum, tum, tum, usa a o rolo todo e não coloca outro no lugar quando acaba. E eu me pergunto: PORQUE? Será pensando que, por ser de papel, feito de árvore, a coisa vai crescer de novo ali, enroladinha? NÃO VAI!

Eu realmente não sei. Só sei que a gente só pensa mesmo no papel higiênico depois que já fez o que tinha que fazer. Ninguém já com o Mandela na porta de saída vai antes até o banheiro checar se tem papel e, não tendo, vai até o armário da área, retira o rolo da embalagem, descola a ponta e encaixa ele no lugar. Esquece! Mesmo que você ache que dá tempo, não vai dar.



E quando o papel fica dentro daquela portinha de metal do lado do vaso? Você que já está achando que o pior passou...já se aliviou da urgência e olha para a portinha fechada. Amigo, na hora de abrir aquela portinha é sempre tenso. Tu pensa “Ai Jesus...se estiver vazia, lá vou eu ter que ir até o armário da área com a calça no joelho e as pernas abertas, ridículo, para substituir...e se alguma coisa cair no chão no caminho? Putz...ainda vou ter que limpar a sala!”. Aí você vai, estende a mão, tremendo: ”Será que tem, será que não tem?” Danou-se! Desiste no meio. Já começa a procurar alternativas. Olha para a duchinha...paro o bidê...a toalha de rosto...mas só de pensar que vai ter que levantar naquela situação já dá uma angústia. Dá uma dor de barriga...você até decide ficar um pouco mais tempo sentado: ”Não, vai sair mais...não preciso do papel agora!” Mentira! Tudo para não abrir a portinha e ver o rolinho de papelão vazio pendendo lá dentro. Usado, explorado e largado como a pasta de dente. A diferença é que não dá para escrever no espelho NÃO ESQUEÇA DE TROCAR O PAPEL HIGIÊNICO SENÃO SUJA O BANHEIRO TODOOOO! com a sujeira que você ia limpar com o papel higiênico.