12 de agosto de 2010

Noite

Quero arrancar o coração do peito e carimbar sua impressão digital nessas linhas. Com ele, meu pulmão e minhas vísceras coloridas de verde e roxo, caleidoscópicos, contrastando com meu pálido exterior cujas pistas distribuem meus olhos vermelhos de raiva e choro, embotados e insones.
A noite febril desmoronou meu mundo e dos escombros de mim hão de nascer as flores mais bonitas. Das cinzas do meu corpo surgirão titãs de argila negra e se erguerão sobre as muralhas da alma como a reconquistá-la, exilados de uma pátria agora sem fronteiras, difusa.
Sou a raiz da mandrágora a me espalhar no solo fecundado, artista moldado em forja e marreta nessa fôrma que me comprime as asas.