11 de setembro de 2012

Saudades 1

No meio do dia tropeço na saudade. Doído, meu peito arde por não sentir-te sobre ele. Tu cabias inteira ali respirando entregue ao sono. Mesmo crescida me confiava em abandono.
Onde estão teus chutes que, mesmo pai, senti à noite. Onde está seu choro ao qual, mesmo insône, socorria-te.
Teu sorriso que é meu. Teu jeito que é meu. Cada dia mais longe e eu, comprimindo a tristeza, a falta, o cinzento do dia que é o dia sem te ver.
Não te esqueças de mim, peço eu ao anjo invisível, desconhecido enquanto escrevo. Tu és a coisa mais importante para mim. Sinto a ausência dos teus pequenos braços, da tua confiança, da tua rebeldia e obediência. Da tua voz gargalhando e chorando, negociando. Seu corpo que eu cuidei tão bem. Estalar seus dedos, secar suas lágrimas, pentear seus cabelos. Rir, correr, cair, brincar. Minha infância é sua. Sua infância é a minha segunda chance.
Se me arrependo de algo é a distância entre nós. Se choro por algo é a falta que você me faz. Se torço por algo é que passe logo e fiques do meu lado uma vez mais, tanto quanto quiser.
Cresça comigo, converse comigo. Sua inocência, suas confidências, seus segredos. Nossas mágicas. Cócegas, café-da-manhã com seus pés sobre minhas pernas. Te lembrarás disso?
Teu carinho, teu abraço. Choro, choro e choro sentindo a sua falta.

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