Todo escritor é solitário
não por opção mas por hábito
uma fome de palavras e significado
é por isso que faz tudo com zelo
superando cada doce apelo
que vem lhe distrair enquanto concentrado
Todo escritor é meio louco
e berra com a caneta para não ficar rouco
o que prova também não ser burro
é por isso que escuta conselhos
e mesmo se esquivando de espelhos
rima seus reflexos espatifados a murro
Todo escritor é meio santo
procurando abraços e acalanto
enquanto fritam seus neurônios
é por isso que em vez de crescer
deixam a barba por fazer
e se disfarçam de demônios
Todo escritor fala mesmo ao vento
sem se importar se há ouvido atento
sua experiência não é tátil
é metafísica, extemporânea
e por isso ao organizar sua coletânea
o que procura mesmo é uma alma fértil
Todo escritor é uma bagunça
uma pia a suportar um mês de louça
imagine quanto fedor
é por isso que quando faz sua faxina
se organiza em prosa e rima
depois convida o mundo a ser leitor
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