29 de abril de 2008

A persistência do sorriso

Homúnculo assoberbado
Refém fiel de peito encaixotado
Companhia de quimeras
Pesadelo nas horas vagas

Espreme a angústia que te espeta
Dor lacinante do esteta
Perfeição ao seu lado inabalável
Imóvel e fria criação inalcançável

Briga em mim em veia e músculo
A esperança vã inesgotável
De acordar à aurora com teu ósculo
E dormir em teus braços no crepúsculo

E sonhar uma vida de cores
Tomando sua nuca de flores
Com mão firme a carne fria
E tua brutalidade macia
Pisoteia a esperança vazia
Flecha dura em dissabores

mas teus olhos que se esquivam
Tua armadura invisível
Hão um dia de se abrir
Pois não há medo que perdure
Nem solidão que se mature
Na persistência do sorriso

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