30 de novembro de 2010

Flor de vaso

Quem te colhe, flor de vaso
que não sangre em teus espinhos
disponíveis, caso a caso
desabrochando-se em carinhos

Sob a nesga do primeiro fogo
colore sonhos de aurora
Estica-se na janela, em gozo
a quem preso a ti, devora

És tudo e nada ao mesmo tempo
de verve e obviedade
adula em seiva rubra o ressentimento
das mais belas crueldades

Fez luz nova brilhar no prado
que expôs em cor e som
aquele velho arroio questionado
sem marcas de mordida ou batom

Uma vez doce e singela
inocula teu veneno em borbotões
teus espinhos, caninos em assalto
vens do alto, vampira de emoções

Eram óbvios os destinos
Teu e meu em paralelos
dos beijos que sacudiram sinos
restam os golpes dos martelos

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