8 de dezembro de 2010

Obrigados


Te agradeço a firmeza de propósito
O exemplo cáustico, o abraço tenro
Te agradeço pelo apoio pleno
Teu olhar ingênuo, pelo que foi dito
Te agradeço de todo peito aflito
Do pedestal que desço, o degrau vencido
Te agradeço pela franca estada
E por ter permanecido
Pela lucidez e pelo pranto
Pela dor e o desencanto, pelo sangue invisível
Os cabelos brancos
Por todos esses solavancos do meu ser corruptível
Pelos cristais quebrados que eu pensava diamantes
Pelo peito arfante e encurralado
A mão estendida, a faca e a ferida
Que sangra ainda nesse obrigado

***

Te agradeço pela hora errada
Pelas mil palavras certas
Pela porta cerrada e janelas abertas
Pela suposta ordem e presunçoso equilíbrio
Pelo brilho ainda que fugaz
Pelo caos e a tempestade a se formar
Te agradeço pelo sonho e por antever o caminho
Que mesmo sozinho tenho estado a trilhar
Te agradeço o silêncio
Que nos facilita, verdade infinita a nos amparar
Se me torno eloqüente é como compenso
O vazio de um mundo a se transmutar

***

Te agradeço por ter vindo a mim
Em gritos e impropérios
Num esforço subrenatural
Te agradeço o susto
E as palavras corrosivas do seu ideal
Te agradeço o despertar
Mesmo esse que requer meu suor
O caminho foi escolhido
E os passos que dou para te fazer melhor
Te agradeço a oportunidade
Que tua ira me dá de renovação
Vou pagar meus pecados
Que tu testemunhas a pleno pulmão
Te agradeço menos pela forma e mais pelo conteúdo
Que me deu pistas de como evitar
O mal que se desprende de tudo
Tem tudo em si mesmo para bem terminar

***

Te agradeço o sorriso fácil
Que é meu e que te empresto
Te agradeço as perguntas simples
Cujas respostas não contesto
Te agradeço o olhar entregue
E o murmúrio noturno que me faz insone
As primeiras palavras, não há quem negue
A origem que levas no nome
Te agradeço o abraço frágil no qual não caibo
Do beijo estalado na ponta dos lábios
Ao beiço lacrimoso na hora que dorme
Te agradeço esse amor enorme
Que só desprende de você
Agradeço a bendita hora em que vieste
Na pequenina forma de bebê
E pela magia em torno de ti
De encher meus olhos com água salgada
Te agradeço por ser quem tu és
Sem passado, só presentes e mais nada

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