Rapaz entra na sala de cinema quase lotada para a próxima sessão e em vez de subir e escolher um dos lugares vai para frente da tela e, resfolegando, pede a atenção de todos.
“Por favor, alguém aí achou um coração caído pelo chão?”
O povo se remexe tentando enxergar embaixo das poltronas. Celulares viram lanternas, idosos se agacham com dificuldade e, de repente, uma menina lá do outro lado da sala grita:
“Achei!”
O povo automaticamente pára e olha para a menina estendendo o coração ensangüentado e pulsante no ar. Rapaz, derrubando sacos de pipoca e canudinhos, corre em direção à menina. Ele a abraça em agradecimento enquanto pipocam as palmas dos espectadores. Para esses já valeu o ingresso.
Rapaz agradece pela ajuda. “Principalmente a sua” diz numa última olhada à menina. E sai da sala. Ela se senta toda toda em sua poltrona com um indisfarçável sorriso nos lábios até que, já na penumbra dos trailers, ela começa a apalpar os bolsos, remexer na bolsa e, lançando um olhar comprido para a porta de saída, se dá conta:
“Ih! Acho que perdi meu coração.”
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