Já
passava da hora do café quando o assunto que motivou a reunião chegou ao fim,
mas antes que todos se levantassem Arlindo trouxe um novo assunto, não era
exatamente um assunto novo, mas poderia ter esperado uma outra reunião, afinal,
já passava da hora do café.
-
Godofredo, dirigiu-se Arlindo ao chefe geral na cabeceira da grande mesa,
precisamos achar alguém então para a vaga, lembra?
-
Godofredo que fora pego a meio movimento de levantar-se, sentou-se novamente e,
suspirando descafeinadamente, respondeu - Qual a sua sugestão?
- Pensei
no Gumercindo - apontando com dedo rijo o analista.
- O
Gumercindo? Mas o Gumercindo é um errante contumaz - sentenciou Godofredo
mirando o próprio como se esperasse dele uma defesa, mas sabendo da quantidade
de níveis hierárquicos que os separavam, Gumercindo só se permitiu uma resposta
quando Arlindo, seu chefe, cutucou-o com o olhar, apressando a resposta.
- O
Godofredo tem razão, Arlindo. Sou mesmo um errante contumaz. Mas também fui até
hoje um acertante frequente. Não posso me comprometer a acertar sempre se isso
for exigido como competência essencial para a vaga, mas posso dizer que vou
morrer tentando. Algumas vezes os erros que cometi no passado evitarão que eu
os repita na nova posição, o que faz com que o fato de ser um errante passe a
contar a meu favor, mas devido às enormes exigências por inovação pela qual
sofre a empresa atualmente e como nem eu nem ninguém pode prever o sucesso ou o
fracasso de uma ação, os erros, sem dúvida, acontecerão sendo eu ou qualquer
outro a ser empossado na vaga. Se precisarem de alguém que tente e erre
querendo muito acertar podem contar comigo pois minha trajetória na empresa
mostra que não tenho medo de tentar nem de mudar o que precisa ser mudado na
tentativa.
Um
silêncio solene pairou sobre a mesa de reunião quando Gumercindo calou-se e foi
quebrado apenas quando Godofredo, em dúvida, retorquiu.
- Belo
discurso, mas sério, quem a gente coloca na vaga?
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