6 de dezembro de 2017

Antes da minha morte

Como pode esse vazio entre tantas coisas a pensar
Me parecem mais desvios
tudo isso a me ocupar

A premissa de ter ofusca o ser
ou talvez, ao meu redor, ninguém tenha mais esse afã
já estão todos sublimados, engoliram a maçã

Acho tudo tão normal, monotonia me entedia
é tanta coisa no meu dia que me pego volta e meia
a me pensar em outro mundo, onde o que hoje me rodeia
não seja mais que ócio, criativo, não o tédio, essa teia!

Outro mundo onde a tinta, que rabisca nesse branco
flua em total sintonia, com o que escuto pelos cantos
pelos desterros da minha mente, essa bagunça sem primor
e que tudo acabe em versos, vindos d`alma com amor

Pois que entre tudo do meu dia, apenas isso ponho a parte
como se fosse dispensável alguém de nós viver sem arte
e eu mesmo vou me flagelando, empurrando para o lado
algo meu, fundamental, e que devia ser falado

E é com esforço, quase forçado, que me meto a escrever
apenas para que a pressão interna possa se restabelecer
São apenas balbucios, mas, diligente, ainda procuro
um momento iluminado donde me saia algo de puro

Até lá vomito incoerências, sou eu na carne
rabiscando a confusão que fez casa no meu cerne
Alguma hora algo palpita e, com sorte,
encontro o que valha a pena ser dito antes da minha morte

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