Ainda bem que não tenho herpes. Acho uma efermidae cruel. Ainda mais aquelas que se manifestam devido a algum desequilíbrio emocional momentâneo. Explode sobre os lábios como sirenes de emergência denunciando o momento difícil de seu portador.
Se fosse comigo, minha boca seria uma eterna chaga, um alarme como esses das garagens dos prédios que disparam à noite e não param mais de tocar. Sou grato aos deuses que me ungiram com a bênção da calvície, já que todos devem carregar algum gatilho metabólico congênito e vitalício.
Nos piores momentos, então, posso, como dizem uns, "olear os cabelos e levantar a fronte". Bem, olear os cabelos nem tanto, mas posso recolher-me ao meu sofrimento e compartilhá-lo somente quem eu quiser. Ainda bem que não tenho herpes. Tenho privacidade.
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