7 de maio de 2004

Ébrio brilho brota
Por entre suas escamas
Que úmidas de lágrimas
E chuva
Fomentam o fruto
Uva que um dia será vinagre
A corrente leva sua semente
Pelas ruelas entorpecentes
Buscando cega o inevitável milagre
A vida
Mesmo do mais obscuro manto
Nas escalas do mais mórbido canto
Renasce puro o broto
Entre o medíocre e o escroto
Habita
Mas é vida, inegável
Irrefutável verdade negra
Cambaleante e ignorada
Rota, feia e desfigurada
Vida podre, mas vida
Poço de nossa mesma energia
Negativo colorido da morte
Presença de todo medo e toda sorte
Entre arrotos e vômitos urbanos
E enquanto os suseranos dormem
A vida-morte vai à caça
Trás desgraça
Para sua própria sobrevivência
A guerra entre a vida e a morte não é semente
Guerra infundada, é a aniquilação de uma pela outra
Em troca de uma só sobrevivente declarada.

Nenhum comentário: