7 de maio de 2004

Medieval do Século XXI

Um dia que se dorme
É menos um a ser
Aproveitado
Pureza no convívio nada a esconder
Rimas de cor
Novenas à fazer

Uivos no silêncio dos beijos
Estalos solitários na noite
Que só vislumbra o todo
O Som, o Riso, a Taverna

Medieval do Século XXI
Será que além de mim há mais algum?
Me prendo ao amor
Mas tenho saudade de saga

Sou o frio, o sozinho
O hermético filisteu
Crio meus amigos, meus sonhos, minha dor
E não sinto falta de nenhum
Sou medieval do Século XXI

A madeira se fez plástico e as cordas tecla
Perdido na multidão de opções, fez-se só e sem assecla
Perde-se, o sozinho é o Rei
Nu ou vestido, feio ou pobre eu não sei
Me sinto às fronteiras de Cafarnaum
Sou medieval do Século XXI

Não entendo acordes ou poesia concreta
Nada mais me guia: cursor, rato ou seta
Vivemos o tédio e o suspiro
Enquanto flutuo no meio dessa imensidão azul
Sou medieval do Século XXI

Se acendem traços de seios no futuro
Recortes e contornos obscuros
Hoje é o sempre e a eternidade
É o minuto que passou
Feche os olhos e surrealize
Isso te fará mais puro
Uma ilusão, um sonho em comum
Sou medieval do Século XXI

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